terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

VEJA: Alfaiates recuperam o prestígio do passado...


Matéria da revista VEJA / 13 de agosto de 1986

"Alfaiates de todo país recuperam o prestígio do passado." Essa não é uma esplêndida notícia? Bem... essa foi uma excelente notícia, publicada em reportagem de autoria não identificada na revista VEJA, em agosto de 1986 – lá se vão já uns vinte e quatro anos. Em meio a planos econômicos mirabolantes de sucesso provisório, muitos alfaiates, de fato, vivenciaram naquela época um reinteresse pelos ternos inteiramente feitos à mão. No entanto, passada a euforia que as medidas governamentais então proporcionavam, a procura por alfaiates foi novamente recrudescendo, em consonância, aliás, com uma tendência que já estava em curso há bastante tempo.


Alfaiate José da Glória / foto revista VEJA agosto de 1986

Ainda há, é verdade, um interesse relativamente difundido pelos elementos da elegância clássica masculina. Contudo, folheando as inúmeras revistas “especializadas” e suplementos de estilo que povoam nossas bancas de jornais, o que inevitavelmente se constata é que a maior parte dessas publicações mal se distingue de um vasto catálogo para o consumo de produtos supostamente sofisticados – e extremamente caros. A razão pela qual essas publicações não fazem referência aos serviços de alfaiataria é simples: alfaiates, de modo geral, não fazem propaganda; o trabalho que realizam permanece anônimo, alheio aos folhetins de moda. O que não entendo, porém, é por que muitos homens ainda preferem pagar mais por ternos cuidadosamente estampados nas páginas de revistas, repletos de poliéster e fibras sintéticas, como se fossem feitos de papel celofane, a buscarem os serviços de um bom alfaiate. A diferença entre o terno sob medida e aquele comprado pronto é monumental. Cabe ao leitor, então, se decidir onde realmente mora o estilo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário